sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Um conto do Destino



O telefone toca e Enrico atende em meio a um suspiro de alivio a reunião estava acalorada e ele tinha um bom motivo para fugir da li, faz sinal aos companheiros e sai para atender a ligação. Do outro lado da linha é Alessandra a mãe de sua filha que aos berros le diz que acabou de embarcar Chiara para Roma.
- Segura essa bomba, porque há 20 anos sou eu que seguro sozinha – esbraveja Alessandra do outro do da linha e em seguida bate o telefone.
Enrico meio tonto e sem conseguir raciocinar direito volta para reunião. Todos continuam a discutir ferozmente, ate verem a cara pálida de Enrico ao entrar na sala, um silencio constrangedor toma conta do ambiente.
– O que aconteceu quem era ao telefone? – Interpela Paolo com ar curioso. - Sem conseguir digerir o que acabara de ouvir ao telefone, Enrico conta aos companheiros de trabalho e amigos do dia-a-dia, que a filha Chiara de 20 anos, esta a caminho de Roma para morar com ele.

Enrico não conhecia a filha pessoalmente, ela morava em outro continente, mas com a ajuda da internet e das tecnologias dos dias atuais, eles havia estabelecido uma aproximação nos últimos dois anos. Eles costumavam se falar semanalmente e tinham se descoberto parecidos. Chiara herdou do pai a personalidade sonhadora e livre, comportamento que vinha afastando Chiara da mãe à medida que a jovem crescia.

Alessandra uma mulher mimada que nasceu e cresceu em meio ao conforto e o luxo, conheceu Enrico em um bar de Roma em uma de suas viagens de farra, bar no qual não estava na sua lista de “queridinhos” e caros, mas foi levada por alguns amigos e como já estava bêbada mesmo, não fez muita questão de esbravejar sobre o local. Sentaram em uma mesa e pediram bebidas. Alessandra não demorou muito para por os olhos em Erico que tocava no bar naquela noite, um moreno charmoso, descendente de espanhol e sensual, no auge de seus 25 anos. Alessandra e Enrico trocaram olhares noite adentro e não se sabe como, acordaram no outro dia nus e enrolados nos lençóis do hotel em que Alessandra estava hospedada. Ela não lembra o que aconteceu e ele tão pouco, mas o fato é que essa noite deu a origem a Chiara. Alessandra e Enrico se encontram alguns dias depois dessa noite fatídica, mas Alessandra não estava interessada em uma romance, apenas diversão. Alessandra teve certeza que Erico era só mais um, quando começou a ouvir seus ideais. Ele era musico por paixão e estava estudando advocacia por imposição dos pais, mas sonhava em conquistar o mundo com seu violão e suas letras melosas, ela ambiciosa e prepotente. Depois desses poucos encontros Alessandra terminou sua viajem de fará pela Europa e retornou a seu país de origem, onde dias depois ficou sabendo da gravidez, ela ate pensou em fazer um aborto, mas foi descoberta pela mãe que era muito religiosa e não permitiu. Erico ficou sabendo da gravidez quando Alessandra já estava no quinto mês. Sem muita opção assumiu a filha e ajudou financeiramente na criação da menina, o que não era necessário devido à boa vida de Alessandra, mas se sentia menos desnaturado com isso, visto que nunca se interessou verdadeiramente pela filha. Chiara por outro lado sonhava em conhecer o pai, mas era impedida pela mãe, que ligava vez ou outra para Enrico só para reclamar do temperamento da filha e uma vez ou outra para contar alguma coisa interessante da criação da menina... Com o passar dos anos a convivência de Alessandra, que era controladora e possessiva e de Chiara que era sonhadora e rebelde ficou insustentável, e então vieram os problemas com álcool. Chiara saia para as baladas com os amigos e começou a beber para relaxar, esquecer das brigas com a mãe e se entrosar mais com os outros jovens, mas esse habito social virou um vicio e a ralação com a mãe só agravou o problema. Alessandra passou a ter vergonha da filha ao invés de ajuda-la e orienta-la. E numa ânsia para se livrar do problema embarcou Chiara para Roma, coisa que tinha evitado por anos, pois não queria Chiara e Enrico juntos...

Depois de uma grande briga com a mãe, daquelas que voam objetos, Chiara se sentia leve e feliz, estava no aeroporto prestes a embarcar para Roma. Ela já não lembrava mais quantas vezes havia pedido a mãe para conhecer pessoalmente o pai, e nem quantas vezes sonhou com aquele comento. Estava feliz e ansiosa, embora confiante e esperançosa, afinal as conversar que vinha tendo com o pai pela internet, eram sempre amistosas e entusiasmantes. Chiara e Enrico haviam conseguido criar um laço de afeição mesmo a distancia. Enquanto o avião decolava Chiara sonhava com o grande encontro, pensava se deveria correr ao encontro do pai e se jogar nos seus braços como via nos filmes, ou se deveria esperar uma reação dele primeiro. Nervosa com a turbulência pediu uma bebida para a aeromoça e adormeceu com suas expectativas, a viagem era longa e estava só no começo.

Continua...

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