O
telefone toca e Enrico atende em meio a um suspiro de alivio a reunião estava
acalorada e ele tinha um bom motivo para fugir da li, faz sinal aos
companheiros e sai para atender a ligação. Do outro lado da linha é Alessandra
a mãe de sua filha que aos berros le diz que acabou de embarcar Chiara para
Roma.
-
Segura essa bomba, porque há 20 anos sou eu que seguro sozinha – esbraveja
Alessandra do outro do da linha e em seguida bate o telefone.
Enrico
meio tonto e sem conseguir raciocinar direito volta para reunião. Todos continuam
a discutir ferozmente, ate verem a cara pálida de Enrico ao entrar na sala, um
silencio constrangedor toma conta do ambiente.
– O que
aconteceu quem era ao telefone? – Interpela Paolo com ar curioso. - Sem
conseguir digerir o que acabara de ouvir ao telefone, Enrico conta aos
companheiros de trabalho e amigos do dia-a-dia, que a filha Chiara de 20 anos, esta
a caminho de Roma para morar com ele.
Enrico
não conhecia a filha pessoalmente, ela morava em outro continente, mas com a
ajuda da internet e das tecnologias dos dias atuais, eles havia estabelecido
uma aproximação nos últimos dois anos. Eles costumavam se falar semanalmente e
tinham se descoberto parecidos. Chiara herdou do pai a personalidade sonhadora
e livre, comportamento que vinha afastando Chiara da mãe à medida que a jovem
crescia.
Alessandra
uma mulher mimada que nasceu e cresceu em meio ao conforto e o luxo, conheceu
Enrico em um bar de Roma em uma de suas viagens de farra, bar no qual não
estava na sua lista de “queridinhos” e caros, mas foi levada por alguns amigos
e como já estava bêbada mesmo, não fez muita questão de esbravejar sobre o
local. Sentaram em uma mesa e pediram bebidas. Alessandra não demorou muito para
por os olhos em Erico que tocava no bar naquela noite, um moreno charmoso,
descendente de espanhol e sensual, no auge de seus 25 anos. Alessandra e Enrico
trocaram olhares noite adentro e não se sabe como, acordaram no outro dia nus e
enrolados nos lençóis do hotel em que Alessandra estava hospedada. Ela não
lembra o que aconteceu e ele tão pouco, mas o fato é que essa noite deu a
origem a Chiara. Alessandra e Enrico se encontram alguns dias depois dessa
noite fatídica, mas Alessandra não estava interessada em uma romance, apenas
diversão. Alessandra teve certeza que Erico era só mais um, quando começou a
ouvir seus ideais. Ele era musico por paixão e estava estudando advocacia por
imposição dos pais, mas sonhava em conquistar o mundo com seu violão e suas
letras melosas, ela ambiciosa e prepotente. Depois desses poucos encontros
Alessandra terminou sua viajem de fará pela Europa e retornou a seu país de
origem, onde dias depois ficou sabendo da gravidez, ela ate pensou em fazer um
aborto, mas foi descoberta pela mãe que era muito religiosa e não permitiu.
Erico ficou sabendo da gravidez quando Alessandra já estava no quinto mês. Sem
muita opção assumiu a filha e ajudou financeiramente na criação da menina, o
que não era necessário devido à boa vida de Alessandra, mas se sentia menos
desnaturado com isso, visto que nunca se interessou verdadeiramente pela filha.
Chiara por outro lado sonhava em conhecer o pai, mas era impedida pela mãe, que
ligava vez ou outra para Enrico só para reclamar do temperamento da filha e uma
vez ou outra para contar alguma coisa interessante da criação da menina... Com
o passar dos anos a convivência de Alessandra, que era controladora e
possessiva e de Chiara que era sonhadora e rebelde ficou insustentável, e então
vieram os problemas com álcool. Chiara saia para as baladas com os amigos e
começou a beber para relaxar, esquecer das brigas com a mãe e se entrosar mais com
os outros jovens, mas esse habito social virou um vicio e a ralação com a mãe
só agravou o problema. Alessandra passou a ter vergonha da filha ao invés de
ajuda-la e orienta-la. E numa ânsia para se livrar do problema embarcou Chiara
para Roma, coisa que tinha evitado por anos, pois não queria Chiara e Enrico
juntos...
Depois
de uma grande briga com a mãe, daquelas que voam objetos, Chiara se sentia leve
e feliz, estava no aeroporto prestes a embarcar para Roma. Ela já não lembrava
mais quantas vezes havia pedido a mãe para conhecer pessoalmente o pai, e nem
quantas vezes sonhou com aquele comento. Estava feliz e ansiosa, embora
confiante e esperançosa, afinal as conversar que vinha tendo com o pai pela
internet, eram sempre amistosas e entusiasmantes. Chiara e Enrico haviam
conseguido criar um laço de afeição mesmo a distancia. Enquanto o avião
decolava Chiara sonhava com o grande encontro, pensava se deveria correr ao
encontro do pai e se jogar nos seus braços como via nos filmes, ou se deveria
esperar uma reação dele primeiro. Nervosa com a turbulência pediu uma bebida para
a aeromoça e adormeceu com suas expectativas, a viagem era longa e estava só no
começo.
Continua...
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