Nós,
animais da espécie humana (como muitos outros mamíferos), temos a necessidade
natural de fazer parte de um grupo, de estar com os outros, de nos
confrontarmos com os outros, de nos afirmarmos em um nível social. É por isso
que vivemos na sociedade. Vivendo na sociedade desde o nascimento, somos
fortemente condicionados por ela até o ponto em que nosso DNA psicológico perde
os traços de nossa necessidade natural: a necessidade de estar sozinho, ou a
necessidade de estar conosco mesmos, de nos confrontarmos para nos tornar
profundamente autônomos. Não só isso. Nos romances, nos filmes, nas músicas, na
TV, etc. a solidão é sempre rejeitada pelos protagonistas. Isso deu origem ao
lugar comum que se sentir sozinho é feio, ruim, triste...
Eu amo
minha solidão ..."Porque quando estou sozinha posso estar comigo. Porque
quando estou sozinha posso me comunicar. Porque quando estou sozinha posso
brincar comigo. Porque quando estou sozinha posso viver comigo. Porque quando
estou sozinha estou com o que penso, o que sinto, o que eu faço. Neste momento
eu estou em total solidão no meio de uma clareira montanhosa, mas eu não me
sinto sozinho ... Porque eu estou cercado por centenas de belas margaridas
amarelas, de dezenas de nuvens brancas que são eles correm um após o outro
alegremente, de dois esquilos vermelhos olhando para mim com olhos brilhantes.
Como eu poderia me sentir sozinha? "
Vai alla scheda del libro "Soli e Felici"
di Cristina Rossi Morley
(...) Minha infância de menina sozinha deu-me
duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim:
silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os
caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios
revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais
tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades
e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se
possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os
fios de um pano." (Cecilia Meireles).
Sempre me senti isolado nessas reuniões
sociais: o excesso de gente impede de ver as pessoas... (Mario Quintana)
Eu não estou sozinha minha solidão me faz companhia... (Cristina Rossi Morley).
O desejo de estar só é visto com frequência
como o sintoma de uma patologia social. Na imaginação coletiva a solidão
sinalizaria dificuldade de convivência com outras pessoas.
Mas na realidade, a capacidade de estar em
companhia de se si próprio é o resultado de escutar o seu próprio mundo. A
capacidade de estar sozinho sem “pirar” é um sinal de equilíbrio emotivo e de
saúde mental.
Amo minha solidão, me sinto realizada,
satisfeita, plena de energia. A solidão me faz drenar as emoções estranhas
recuperando o contato com meu interior.
Passar muito tempo em meio as pessoas, provocam no meu
mundo interior um sobre carga de emoções e para reencontrar a o equilíbrio
interior tenho a necessidade de respeitar o meu desejo de solidão. Certeza de
que eu gosto de estar na
companhia de amigos e se divertir com eles, mas muitas vezes eu só
preciso passar as noites em
solidão, olhar para a TV, ler ou ouvir rádio ...
As
pessoas dão um peso para a palavra solidão. É sempre como se fosse algo muito pesado,
difícil e triste. Minha solidão se sente acompanhada. Como diz Clarice, a solidão tem lá sua
plenitude: “Que minha solidão me sirva de companhia, que eu tenha a
coragem .... Amo minha companhia!
Em 1964, Jean-Paul
Sartre recusou o prêmio Nobel de literatura e, na ocasião, Gilles Deleuze
escreveu um artigo intitulado: “Ele foi meu mestre”, cuja tradução foi
publicada no livro A ilha deserta e outros textos.
"Estar só é falar por
si mesmo, é não ter diante de si, nem atrás de si, algo que lhe ampare, que lhe
sustente; é não representar ou ser representado por algo. Rejeição é repulsa,
desaprovação. Estar só não implica em rejeição e esta não leva necessariamente
à solidão".
“Estou
sozinho mesmo quando não estou, e não é tão complicado de entender.
Individualidade é meu forte, eu meio que adotei o desapego. Não é questão de
ter alguém por perto, eu gosto do silêncio, encontrei companhia em mim. Também
não é questão de ser antissocial, ou depressivo. Sou uma pessoa feliz, me
divirto saindo, mas não dependo disso pra encontrar uma distração, as pessoas
não são meu ponto de fuga. Eu gosto de ser o que eu sou, e aceito isso de
braços abertos. Não forço pra tentar ser o que não me agrada. Sentimento bom é
assim, desprendido. Sem ter que dar explicações ou inventar qualquer desculpa
pra não precisar ir a algum lugar. Solidão opcional é um estado de espirito.” Sean Wilhelm
Minha solidão não tem nada a ver com presença ou ausência de pessoas…
Detesto quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia…
(Nietzsche)
Detesto quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia…
(Nietzsche)
Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de
chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro
da noite. (Clarice Lispector)
Não sei o que é a solidão. Nunca me senti só. Acho fantástico ficar comigo mesma, com minhas dúvidas e preocupações. (Cleyde Yáconis).
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