sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Não atribua um valor negativo à introspecção social

Nascemos sozinhos e "sozinhos" somos felizes...




Nós, animais da espécie humana (como muitos outros mamíferos), temos a necessidade natural de fazer parte de um grupo, de estar com os outros, de nos confrontarmos com os outros, de nos afirmarmos em um nível social. É por isso que vivemos na sociedade. Vivendo na sociedade desde o nascimento, somos fortemente condicionados por ela até o ponto em que nosso DNA psicológico perde os traços de nossa necessidade natural: a necessidade de estar sozinho, ou a necessidade de estar conosco mesmos, de nos confrontarmos para nos tornar profundamente autônomos. Não só isso. Nos romances, nos filmes, nas músicas, na TV, etc. a solidão é sempre rejeitada pelos protagonistas. Isso deu origem ao lugar comum que se sentir sozinho é feio, ruim, triste...

Eu amo minha solidão ..."Porque quando estou sozinha posso estar comigo. Porque quando estou sozinha posso me comunicar. Porque quando estou sozinha posso brincar comigo. Porque quando estou sozinha posso viver comigo. Porque quando estou sozinha estou com o que penso, o que sinto, o que eu faço. Neste momento eu estou em total solidão no meio de uma clareira montanhosa, mas eu não me sinto sozinho ... Porque eu estou cercado por centenas de belas margaridas amarelas, de dezenas de nuvens brancas que são eles correm um após o outro alegremente, de dois esquilos vermelhos olhando para mim com olhos brilhantes. Como eu poderia me sentir sozinha? "

Vai alla scheda del libro "Soli e Felici" di Cristina Rossi Morley

(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano." (Cecilia Meireles).




Sempre me senti isolado nessas reuniões sociais: o excesso de gente impede de ver as pessoas... (Mario Quintana)

Eu não estou sozinha minha solidão me faz companhia... (Cristina Rossi Morley).




O desejo de estar só é visto com frequência como o sintoma de uma patologia social. Na imaginação coletiva a solidão sinalizaria dificuldade de convivência com outras pessoas.

Mas na realidade, a capacidade de estar em companhia de se si próprio é o resultado de escutar o seu próprio mundo. A capacidade de estar sozinho sem “pirar” é um sinal de equilíbrio emotivo e de saúde mental.
Amo minha solidão, me sinto realizada, satisfeita, plena de energia. A solidão me faz drenar as emoções estranhas recuperando o contato com meu interior.
Passar muito tempo em meio as pessoas, provocam no meu mundo interior um sobre carga de emoções e para reencontrar a o equilíbrio interior tenho a necessidade de respeitar o meu desejo de solidão. Certeza de que eu gosto de estar na companhia de amigos e se divertir com eles, mas muitas vezes eu só preciso passar as noites em solidão, olhar para a TV, ler ou ouvir rádio ...

As pessoas dão um peso para a palavra solidão. É sempre como se fosse algo muito pesado, difícil e triste. Minha solidão se sente acompanhada.  Como diz Clarice, a solidão tem lá sua plenitude: “Que minha solidão me sirva de companhia, que eu tenha a coragem .... Amo minha companhia!



Em 1964, Jean-Paul Sartre recusou o prêmio Nobel de literatura e, na ocasião, Gilles Deleuze escreveu um artigo intitulado: “Ele foi meu mestre”, cuja tradução foi publicada no livro A ilha deserta e outros textos.

 "Estar só é falar por si mesmo, é não ter diante de si, nem atrás de si, algo que lhe ampare, que lhe sustente; é não representar ou ser representado por algo. Rejeição é repulsa, desaprovação. Estar só não implica em rejeição e esta não leva necessariamente à solidão".




“Estou sozinho mesmo quando não estou, e não é tão complicado de entender. Individualidade é meu forte, eu meio que adotei o desapego. Não é questão de ter alguém por perto, eu gosto do silêncio, encontrei companhia em mim. Também não é questão de ser antissocial, ou depressivo. Sou uma pessoa feliz, me divirto saindo, mas não dependo disso pra encontrar uma distração, as pessoas não são meu ponto de fuga. Eu gosto de ser o que eu sou, e aceito isso de braços abertos. Não forço pra tentar ser o que não me agrada. Sentimento bom é assim, desprendido. Sem ter que dar explicações ou inventar qualquer desculpa pra não precisar ir a algum lugar. Solidão opcional é um estado de espirito.”  Sean Wilhelm





Minha solidão não tem nada a ver com presença ou ausência de pessoas…
Detesto quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia…
(Nietzsche)


Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite. (Clarice Lispector)

Não sei o que é a solidão. Nunca me senti só. Acho fantástico ficar comigo mesma, com minhas dúvidas e preocupações. (Cleyde Yáconis).


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